Entre o medo e a ilha inteira

56 metros de desafio: a experiência de rapel na ponte Rainha Juliana.

Por Laís Vanessa - 22/05/2025 em Notícias / Turismo

Nem todo cartão-postal se contempla com os pés no chão. Alguns exigem cordas, coragem e um coração que saiba pular antes do corpo. Foi mais ou menos assim que conheci Curaçao do alto da ponte Rainha Juliana, a mais alta do Caribe.


São 56 metros de altura, o equivalente a um prédio de 18 andares. Ali em cima, o vento sopra histórias, e o mar de Willemstad se derrama em tons de azul, com a cidade colorida emoldurando o horizonte. Dá para ver tudo: os casarios vibrantes, o canal de Santa Ana, os navios que descansam ao longe e o vai-e-vem da vida miúda lá embaixo.


Mas antes de ver, é preciso vencer. E não estou falando da altura.



“Esse é um ótimo exercício para romper barreiras e o medo”, disse o guia, com a voz serena de quem já viu muitas pernas tremerem ali. Ele me olhou com um meio sorriso e completou: “Se conseguir vencer, pode até fazer uma pose no ar. Tem gente que desce de cabeça pra baixo.”


Na hora, eu ri. Medo e acrobacia não combinavam no meu vocabulário naquele momento. Ainda mais depois que a pequena janela redonda se abriu e pude ter a real noção do que eu estava prestes a fazer.


E posso afirmar que o primeiro o para trás, na beira do abismo, foi o mais difícil. Não é físico, é simbólico. É o momento em que você encara todas as suas travas internas e entende que controlar tudo é ilusão. Que a segurança muitas vezes está no movimento, e não na imobilidade.



No meio da descida, algo mudou. A adrenalina virou liberdade. A vista se abriu ainda mais, e a coragem, que parecia tão distante lá em cima, se instalou no meu corpo. Lembrei da fala do guia e resolvi brincar com o medo. Virei de cabeça para baixo, pendurada no vazio, e por um instante fui só corpo, céu e a cidade inteira aos meus pés.


O rapel na ponte Juliana dura poucos minutos, mas a sensação de ter descido por um cartão-postal ainda pulsa. Lá do alto, Curaçao se revela por inteiro. Talvez porque ela se entregue de verdade a quem tem coragem de vê-la por outro ângulo. 



Avalie esta notícia:

MAIS NOTÍCIAS